Monday, October 31, 2011

Oposição em Betel (2 Reis 2.23-25)

Continuacao do estudo em Eliseu: salvação para todos, em nome do SENHOR.       

O ministério de Eliseu também se desenvolveria em circuitos, em rotas. Rotas de profetas. Ele havia caminhado ao lado de Elias na curta jornada de Betel a Jericó; sob a direção do SENHOR, ele percorreria o percurso contrário. Depois do primeiro sinal público em Jericó, Eliseu subiu a Betel.  A cidade sediava uma escola de profetas, mas, também preservava um reduto importante de idolatria: Jeroboão, o primeiro monarca do Reino do Norte, havia estabelecido altares nas imediações, explorando a localização estratégica. Portanto, nos dias de Eliseu, ‘Bet-El’, a ‘Casa de Deus’ era uma cidade dividida! Em seus limites, alguns honravam ao SENHOR, o Deus de Israel, outros, se curvavam diante de divindades mitológicas cananéias.

Logo em sua chegada, antes mesmo de passar pelas portas da cidade, Eliseu foi abordado por mais de quarenta jovens. No texto original, está claro que eles não eram crianças ou meninos, mas rapazes. Com declarações insinuantes e provocantes, se aproximaram e procuraram abertamente oprimir o profeta:“Sobe, calvo! Sobe, calvo!” As vozes de escárnio, não apenas ofendiam Eliseu mencionando, com deboche,  algo de seu aspecto físico, mas, visavam atingir a sua autoridade profética.  As declarações não eram nada infantis, como se afirmassem: “Vamos, careca, suba, entre na cidade!” Não! estavam indo muito além: “Vamos, careca, suba ao céu como o velho Elias, afinal, você é mesmo um homem de Deus, cheio de poder, não é mesmo? Ou ainda pior: “Vamos, você agora está careca, desnudo, sem a proteção de Elias!” Seja qual fosse a conotação pretendida, havia mesmo um incontrolável desejo de insultar o profeta, ou melhor, humilhá-lo, não em razão de qualquer marca depreciativa em seu corpo, pois, na verdade, Eliseu tinha na ocasião a cabeça coberta, como era usual em seu contexto. Não havia, portanto, provas para afirmar ou não a sua calvície. Os rapazes, muito provavelmente, não eram os únicos de Betel que desconsideravam a Eliseu  e não o aceitavam como o novo “Pai dos Profetas”; pais e parentes deveriam pensar de forma semelhante. Havia mesmo franca oposição em Betel, não apenas a Eliseu, mas ao Deus de Eliseu. 

Eliseu então voltou-se para os agressores e os amaldiçoou “em nome do SENHOR”. Mesmo terrivelmente provocado, Eliseu não procurou vindicar a si mesmo; a maldição não foi uma simples reação pessoal, uma resposta emocional. Os jovens de Betel não estavam afrontando apenas um homem, mas um homem de Deus, o recém-ordenado porta-voz do SENHOR. Como em episódio anterior, no qual Elias tinha sido ameaçado por soldados do rei Acazias,  a autoridade do pleno representante do SENHOR havia sido desafiada. Na ocasião, Elias clamou por fogo do céu e cem dos homens do rei foram exterminados; os cinqüenta poupados foram os bem conduzidos por um capitão sensato, que havia reconhecido o poder de Deus na vida do profeta.  Em ambos os casos,  a ação drástica não foi definida por homens envolvidos em um conflito, mas sancionada pelo juízo de Deus, contra os que procuravam atacar a santidade de seus próprios escolhidos. Naqueles dias, desaprovar um profeta como Elias ou Eliseu era desaprovar o próprio Deus!

Deus lançou mão de animais selvagens. Há um outro evento semelhante em 1Reis 13. Procurem encontrá-lo e então tracem as comparações. Todos os quarenta e dois que haviam armado o ataque, o complô contra o profeta foram ‘despedaçados’ por duas ursas. Sim, duas fêmeas defenderam o profeta como à própria cria! Provavelmente, os jovens loucos tenham tentado salvar uns aos outros, mas, por fim, todos foram vítimas da força superior das ursas. As notícias a respeito certamente correram rapidamente e confirmaram a autoridade profética de Eliseu.

De Betel, Eliseu foi então ao Monte Carmelo, em uma viagem bem mais longa, de aproximadamente cento e dez quilômetros. O monte Carmelo havia sido o palco da revelação de Deus a todo Israel, por meio de Elias. Talvez, o próprio Eliseu tivesse estado presente, no dia em que os profetas de Baal, que comiam à mesa de Acabe e Jezabel, foram mortos por Elias, junto ao ribeiro Quisom. A visita ao Carmelo, sem dúvida, indicava a Eliseu que  o ministério de Elias e o seu tinham conectividade, e a ação de Deus em Israel seria ininterrupta. Por fim, segundo a narrativa bíblica, depois da peregrinação ao Carmelo, Eliseu rumou para Samaria, capital do Reino do Norte, sede do governo, onde muitos de seus sinais seriam manifestados. Os primeiros dias do ministério de Eliseu, intensos como foram, serviram para que todas as dúvidas  a respeito de seu ministério terminassem definitivamente, até mesmo eventuais dúvidas do próprio profeta, mas, especialmente, de todo o Israel:   Eliseu, o sucessor de Elias, o profeta de Deus, o homem de Deus.

Ministério confirmado e defendido pelo SENHOR. Eliseu, e sua mensagem: Salvação para todos, em nome do SENHOR.

                                                                                                                        Ernesto Ferreira Junior

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